Abraaõ e Isaquinha (versão moderna de uma história antiga)


Quando a irmãzinha de Isaquinha virou doente, os pais não podiam comprar remédio. O pai nem estava em casa, e a mãe não sabia fazer o que. Ela não era religiosa e por isso chorou sem consolo. O avô de 97 anos, que vivia com elas era crente, mas do resto da família só Isaquinha seguiu o exemplo dele. Ela teve 14 anos e freqüentou sempre a igreja com alegria a amava a Jesus de todo o coração.
A doença agravou e a mãe ficou desesperada xingando o avô: “Se Deus existisse deveria ajudar agora...!”
De repente o avô pegou o braço da Isaquinha e olhou a ela: “Vai você. Pena que eu sou velho, senão iria até conseguir algum bico ou achar alguém que ajuda. Mas seja uma menina corajosa e vai.”
“Mas sabe alguém que poderia ajudar ou um bico que posso fazer?”
“Não sei não, menina, mas Deus vai te fornecer. Vai e traz os R$ 70 para o remédio.
Meio confusa a menina saiu e passou pelas ruas procurando a tóa. Nem tev idéia para o que procurar. Só depois de um tempo lembrou se para pelo menos orar. Pediu para Deus a guiar e orientar.
Passou uma entrada entre duas casas que levou a um terreno já imerso na penumbra da tardinha. Sentiu uma atração. Será que acharia algo de valor no lixo?
Mas não seria furto se a coisa estava ainda em um terreno? Lembrando-se disso ela quis passar para frente, mas por mais estranha que parece, não conseguiu. Era lhe impossível mexer as pernas. Assustou e pensou que seria uma doença tipo paralisia, mas reparou logo que conseguiria andar em direção à entrada, só o contrário não lhe era possível. Ficou parada e indecisa. Nunca conhecia uma situação parecida antes. Ouviu no seu coração algo como uma voz convidando-a para entrar. Achou mais estranha ainda e ficou ainda mais insegura.
Finalmente pensou, que não faria mal entrar no terreno. Iria e voltaria. Se acharia algo de bom, seria ótimo, mas se não acharia nada, então voltaria. Não lhe custaria nada. Perigo? Possível, mas Deus a protegeria, e de qualquer coisa estava disposta a arriscar algo se talvez ganhasse algo a favor de sua irmãzinha.
Ela passou pela entrada escura e ouviu vozes de mulheres. E ainda mais estranha, ouviu uma voz dizendo: “Vai e faça tudo o que elas te dizem.”
Não conseguiu localizar a direção da voz, mas virou para procurar atrás de si, mas não houve ninguém. Será que foi só um pensamento dela? Será que foi a voz de Deus? De novo a mesma voz. Agora como se fosse falado no ouvido, mas de dentro e não de fora da cabeça. Mas era uma voz, não um pensamento próprio, até que ela ouviu o eco reboar no escuro túnel da entrada para o terreno. Teve agora quase certeza que foi a voz de Deus. Quantas vezes amigos lhe contaram como era quando se ouve a voz de Deus.
“Finalmente ela vem”, gritou uma mulher. “Onde estava tanto tempo, preguiçosa?”
Isaquinha parou assustada. Não entendeu nada.
“Vem cá, vadia!”
Assustada, mas não esqueceu a educação e foi para frente, mas logo recebeu um tapa forte da mulher. Mas já a outra gritou: “É ela não, Márcia.”
A Márcia parou, olhou e reparou o erro. “Puxa, mas é parecida. Que coisa!”
Mostrou-se que no fundo do terreno funcionou um pequeno puteiro caseiro, e as duas foram prostitutas esperando uma menina bem novinha para um cliente especial. Elas se desculparam, ofereceram uma água e perguntaram o que a menina queria. Ela, sem jeito de explicar que entrou porque ouviu uma voz falou que estava buscando latas e outro lixo para comprar um remédio. Perguntaram quanto dinheiro precisaria e quando ela respondeu elas riram:
“70? Mas você é tão bobinha assim? Quantas latas quer achar até conseguir R$ 70? Vai demorar uma semana, bebê. Você é uma bobinha mesma. Não sabe ganhar dinheiro, né?”
Ela fez de não.
“Você está de sorte. Porque es você é obediente e generosa vai ganhar R$ 30. A gente cobra 60, mas a metade é para a casa. Mas talvez ganhe um troco a mais, e quem sabe pode fazer outro programa. Vai lá dentro tomar um banho, o cliente já espera.
Isaquinha estava estarrecida de susto, mas quando hesitava ouviu de novo a voz: “Vai e faça tudo o que elas te dizem.”
Não sabia se foi de novo uma voz de Deus ou só uma lembrança. Mas como Deus podia exigir uma coisa assim dela. “Deus”, ela orou. “É você? Se não é você, por favor me dá um sinal ou me tire daqui.”
Mas não ouve uma reação a não ser a continuação dessa atração permanente que a puxou para frente. Obedientemente tirou a roupa e tomou um banho. Depois recebeu um biquíni bem ousado e foi levada para uma sala.
Ela fez obedientemente de tudo o que o homem pediu, mas ele descobriu que ela era virgem e perguntou surpreendido e ela confirmou que era ainda virgem.
“Puxa, mas que isso? Você não é prostituta? Até que se você fosse virgem elas teriam exigido um preço muito maior.”
“Mas elas não sabem, não perguntaram.”
“Mas você quer virar prostituta? Não entendo porque então não vende a sua virgindade caro.”
Aí a jovem contou como chegara a essa situação. O homem reagiu assustado:
“Pensei que você fosse prostituta. Não sou um homem mau, mas gosto muito da Katia, e quando me falaram que ela hoje não veio, mas que teria outra colega novinha ... mas nesse caso nem vou tocar em você. Você é evangélica, deve continuar virgem até o casamento.”
“Mas...”
“Não se preocupe, você recebe seu dinheiro mesmo assim. Já paguei, não sei qual será sua parte.”
“Falaram em R$ 30.”
“Nesse pouco serviço que você fez até agora já valeu muito mais do que isso. Mas mesmo se você não tivesse feito nada te daria os R$ 40 que te faltam. Leva aqui 50, para que sobre algo para você. Que Deus te abençoe.”
Ao contrário do que as mulheres esperavam Isaquinha saiu toda sorridente. Elas então perguntaram: “Quer trabalhar mais vezes aqui?”
Ela continuou sorrindo porque agora sabia que era tudo a mão de Deus, mas disse que não queria.
“Que pena, mas se precisar estamos aqui...”
Ela saiu, segurando seu dinheiro. “Deus é um pai muito bom, mas muito estranho para nós”, pensou. E pela primeira vez ela entendeu essa história estranha da Bíblia com Abraaõ e Isaque (Bíblia Sagrada, Antigo Testamento, Genesis 22).


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